[Nota do editor: atendendo ao público e local onde este discurso foi originalmente dado, o autor usou para os seus exemplos regiões geográficas próximas, assim como nomes de espécies nativas ao seu local e população. Os mesmos conselhos, sendo aplicados em diferentes regiões do planeta, terão obviamente que ter uma adaptação das espécies mencionadas]
No início desta terra, havia silêncio absoluto – não existiam quaisquer seres vivos nem mesmo plantas. Esta condição continuou por centenas de milhões de anos, até que a terra estivesse adequadamente formada. Entrou então numa fase onde começaram as chuvas e tempestades e, de forma gradual, a vida começou a surgir. Como resultado da chuva, os átomos de carbono foram infundidos com energia vital (prána shakti). Átomos de carbono, juntamente com choques e coesões protoplásmicas formaram esta energia vital.
A água foi um factor essencial na evolução do planeta e, agora, é um bem essencial para a sobrevivência dos seres humanos, animais, plantas e do planeta como um todo. Se não chover em nenhum local da terra por apenas um ano, toda a vida do planeta será destruída. Isto porque todas as criaturas – dos mais diminutos organismos aos maiores animais – precisam de água. Se não houver água, primeiro as pequenas criaturas morrem e, depois, o planeta perde o seu equilíbrio ecológico. De seguida, os seres humanos também morrerão e, pouco depois, toda a terra se tornará um deserto árido.
A Crise Global da Água
Num futuro breve irá haver uma grave crise em diversas partes do mundo. Muitos dos grandes rios, como o Ganges, Jamuna e o Thames já estão bastante poluídos. As pessoas não podem beber das suas águas, e mesmo que apenas lavem as mãos, podem-se tornar infectadas. A única solução é contar com a água da chuva. Temos que recolher água da chuva, desenvolver a ciência de criar chuva artificialmente através de hélio ou de outro processo, e trazer para terra as nuvens que despejam chuva no oceano. Construir mais poços não é a resposta. Em vez disso, temos que captar a água da chuva onde ela cai. Muitos charcos, canais, diques, lagos e reservatórios devem ser construídos imediatamente para recolher água da chuva e armazená-la para beber. Esta é a única solução para a crise da água que irá enfrentar a humanidade num futuro próximo
Na esfera física há dois tipos de calamidades – calamidades naturais e aquelas causadas pelo ser humano. Hoje em dia, a maioria das calamidades são causadas pelos seres humanos, mas, às vezes, calamidades naturais como ciclones, cheias, secas e terramotos também ocorrem. Embora diferentes tipos de calamidades possam confrontar a humanidade, o dia do julgamento nunca acontecerá. Essa ideia de um dia do julgamento é baseada em dogmas.
As calamidades causadas pelos seres humanos são principalmente de dois tipos. Em primeiro lugar, muitas calamidades são causadas pela bifurcação e trifurcação da sociedade. Um exemplo da bifurcação da sociedade é o conflito entre os Israelitas e os Palestinianos, ou a recente guerra entre o norte e o sul do Vietnam. A divisão da Índia entre Índia, Paquiestão e Bangladesh é um exemplo de uma trifurcação da sociedade.
As calamidades também são causadas pela destruição do ambiente e da exporação indiscriminada dos recursos subterrâneos como o carvão, petróleo e água. Uma das maiores causas da destruição ambientar é a desflorestação. Devido à desflorestação, as nuvens que provenientes da Baía de Bengal viajam ao longo de toda a Índia e deixam a chuva no Mar Arábico. Isto é, as nuvens que outrora faziam chover em Magadh, agora só o fazem no Mar Arábico. Consequentemente, o nível da água no Mar Arábico tem subido gradualmente e a Baía de Bengal está-se a tornar mais e mais salgada. O resultado é que o nível da água ao longo da costa da Índia está a subir juntamente com a erosão do solo, e a área terrestre do subcontinente Indiano está a decrescer. Aproximadamente dois-terços da superfície do globo é água e um-terço é terra, mas devido à desflorestação a porção de água está a aumentar e a porção de terra a diminuir.
Outra causa da destruição ambientar é a exploração de recursos subterrâneos. Após a extracção desses recursos, formam-se na terra cavidades profundas, as quais devem ser adequadamente preenchidas. Nalguns países, é prática usar areia para voltar a encher as cavidades. Caso não se faça este enchimento, as regiões circundantes terão uma maior probabilidade de sofrer terramotos do que outras áreas. Para além disso, as cavidades vazias podem prejudicar severamente a estrutura da terra, causando o colapso de regiões inteiras.
Em alguns países Árabes, grandes somas de dinheiro foram feitas com a extração de petróleo do solo. Há vários anos atrás, os líderes destes países aperceberam-se que o fornecimento de petróleo não poderia durar para sempre e, por isso, começaram a pensar sobre o futuro dos seus países após a exaustão do fornecimento de petróleo. Ficaram preocupados com o facto do nível do lençol freático estar a descer e que os tamanhos dos desertos estavam a aumentar. Para resolver este problema, decidiram importar solo e água doce para criar florestas densas. As árvores que plantaram têm agora oito ou dez anos e no ano passado foi relatado que pela primeira vez tiveram cheias. Muitas das pessoas locais nunca tinham visto uma cheia e até as crianças pequenas choravam alarmadas ao avistar chuva!
A exploração das reservas subterrâneas de água está a contribuir para a desertificação em muitas partes do mundo e, à medida que o nível da água desce, o solo à superfície seca causando a morte das plantas. Isto já aconteceu em muitas partes do Rajastão. A florestação é a única solução para a desertificação. Os seres humanos já sofreram de escassez de água e secas no passado e este problema irá continuar a menos que se tomem medidas apropriadas para o futuro. Se a desflorestação e a exploração indiscriminada das reservas subterrâneas de água continuar, é muito provável que várias partes do mundo irão sofrer de uma séria escassez de água desde 1993 até pelo menos o ano 2000. A única forma de evitar tal catástrofe é implementar imediatamente uma abordagem descentralizada para a conservação da água.
As Causas da Seca
Porque é que ocorrem as secas? Quais são as causas mais importantes de uma seca? Existem três causas principais. A primeira é a destruição de plantas ou a desflorestação indiscriminada, a segunda são os sistemas de baixa pressão sobre os oceanos e grandes mares, e a terceira são as mudanças súbitas nos movimentos angulares do sol e outros corpos celestes como cometas, nébulas e galáxias.
A desflorestação causa secas porque impede as plantas de nutrirem a terra. As raízes fibrosas das plantas absorvem e armazenam quantidades consideráveis de água, que são lentamente soltadas de volta para o solo. Nos arrozais de Bengal, por exemplo, durante a época seca, a água corre lentamente pelos canais que ladeiam os campos. De onde vem essa água? É largada pelas raízes das plantas cultivadas. Mas quando os arroz e outros cultivos são colhidos, o fornecimento de água seca. A desflorestação é causada pelos seres humanos e, está sob o seu alcance, resolver este problema com os seus próprios esforços.
A segunda e terceira causa estão actualmente fora do controlo humano. No futuro, com o desenvolvimento das ciências meteorológicas e marinhas, os seres humanos serão capazes de influênciar particialmente e até ultrapassar a segunda causa, mas nunca totalmente. A terceira causa só pode ser controlada pela Consciência Suprema. No entanto, se os seres humanos seguirem o caminho de microvita positiva e receberam a graça da Consciência Suprema, podem também controlar a terceira causa.
Como é que as mudanças repentinas no movimento angular dos corpos celestes causa secas? As trajectórias de alguns cometas são predeterminadas e os astrónomos podem prever as suas datas de chegada e possíveis efeitos na terra, mas existem outros cometa que aparecem subitamente sem aviso. Quando existe uma chegada repentina de um corpo celeste poderoso, ou há uma mudança brusca no seu ângulo de rotação, a força gravitacional pode causar distúrbios nas estações do planeta e na ordem natural da criação. Por exemplo, como resultado de uma forte força gravitacional de um cometa ou meteorito grande, podem-se não formar nuvens. Este fenómeno é chamado de bakudashá em Sânscrito.
Certos desvios de corpos celestes como meteoritos, cometas e satélite podem ter origem na elevada concentração de microvita positivo ou negativo. O movimento no espaço universal está sujeito ao movimento de microvita positivo e negativo, e isto também afecta a vida na terra.
A angularidade do movimento dos corpos celestes também afecta as mentes dos seres humanos. Supõe que estás lá fora a disfrutar de uma fresca briza numa noite calma de lua cheia. Uma sensação apaziguadora e tranquila surge na mente. Mas se essa sensação continuar, as células nervosas do teu corpo podem-se tornar entorpecidas, e se essa experiência permanecer além de um certo limite, a própria capacidade de pensamento poderá ser enfraquecida, causando até problemas psíquicos. Isto ocorre porque se perde o equilíbrio ecológico dentro da estrutura humana.
Digamos que um certo incidente aconteceu na tua vida aos oito anos de idade. Sabemos que não há nada idêntico neste universo, apenas semelhanças. Se circunstâncias semelhares ocorrerem novamente após um período de, digamos, oito anos, um incidente semelhante poderá voltar a acontecer quando tens dezasseis anos. Devem assegurar que as pessoas não são colocadas num ambiente semelhante a um que lhes tenha causado dor e sofrimento no passado, pois isto pode afectar negativamente o seu progresso na esfera espiritual. Isto também se aplica às esferas física e psíquica.
O movimento humano é em direcção ao equilíbrio ecológico – em direcção à sintese suprema. No mundo interno, o equilíbrio deve ser mantido, pois isto leva ao progresso espiritual. A ordem ecológica não é apenas para a terra, mas para todo o universo e, deve ser mantido tanto interna como externamente. A alteração angular num qualquer corpo celeste pode afectar a mente humana, assim como o universo físico, então o equilíbrio deve ser mantido entre a esfera interna e externa. Este equilíbrio subtil deve ser mantido em todos os aspectos da vida humana. Isto é equilíbrio ecológico.
Os Defeitos da Irrigação com Poços
Já referi que a construção de poços cada vez mais fundos não é a solução para a crise da água. Quais são as desvantagens de irrigar com poços? Os poços causam a descida do lençol freático, e a irrigação contínua seca o fluxo subterrâneo da água. Inicialmente, os efeitos desta irrigação podem não ser facilmente perceptíveis mas, eventualmente, uma região fértil será transformada num deserto. De facto, se o nível da água subterrânea permanecer acima dos vinte a vinte-cinco pés [6-8 metros], a vegetação na superfície não será afectada. Mas se descer além dos cinquenta pés [15 metros], a superfícia na terra tornar-se num deserto árido.
Os efeitos negativos da irrigação com poços incluem:
1) Poços vizinhos menos profundos secam, causando falta de água potável para beber
2) Árvores, pomares e outras plantas grandes não conseguem obter água subterrânea suficiente, secando e morrendo. As paisagens verdes do campo transformam-se em desertos após quarenta-cinquenta anos de irrigação intensiva com recursos a poços.
3) Em alguns poços profundos, elementos inimigos – isto é, elementos que são prejudiciais para o solo como minerais pesados e sais – misturam-se com a água, causando problemas como a salinidade. Como resultado, a terra torna-se infértil e imprópria para cultivo. Quando o fluxo da água do poço cessa, os tanques de irrigação alimentados por essas poços também secam.
A irrigação com poços deve apenas ser usada com uma medida temporária, devido aos efeitos devastadores que pode ter no ambiente circundante. Métodos alternativos para irrigação incluem o recurso a rios, irrigação através de reservas, diques ou barragens, pequenos charcos, irrigação com deslocação[“shift irrigation”] e irrigação com elevação[“lift irrigation”. A água de irrigação é a ponta do pião. Sem ela, a agricultura não é possível
Os Melhores Métodos para Irrigação
O melhor método para irrigação é a conservação da água de superfícia através de um sistema de charcos, lagos, canais, diques e reservas.
Vejamos o exemplo de Rárh e Orissa. As potencialidades desta região ainda não foram totalmente desenvolvidas e utilizadas. A grande porção da riqueza é subterrânea, e estes tesouros devem ser devidamente aproveitados, mas na prática, ainda não foi feito para isso. As potencialidades à superfície também devem ser apropriadamente desenvolvidas, mas estas também têm sido negligenciadas.
Como é que a potencialidade da água à superfície nesta região deveria ser utilizada? A precipitação nesta região é muito baixa – apenas chove numa parte do ano, e todo o resto é seco. A irrigação com poços está sub-desenvolvida, e não existem qualquer tipo de irrigação com deslocação ou elevação. Sessenta-e-cinco porcento da terra é rochosa e arenosa e, tradicionalmente, só grãos grosseiros eram cultivadas. Então, em Rárh temos que fazer duas coisas – construir muitos charcos, lagos e diques em pequena escala e iniciar um esforço de de florestação de larga escala nas margens de todos os sistemas aquáticos.
Rárh tem um terreno ondulatório, por isso reservatórios de larga escala não são facilmente construídos, mas muitos lagos e charcos de pequena escala podem ser implementados. Reservatórios grandes e fundos não são tão benéficos quanto charcos pequenos e não devem ser encorajados. Para além disso, os grandes reservatórios necessitam de uso de energia de elevação e deslocação para fornecer água para um sistema de canais. Em tais sistemas, a pressão da água irá cair pois à medida que a água se desloca ao longo dos canais desde os reservatórios até aos campos, os canais serão obstruídos pelo terreno montanhoso. Então, se existir um grande investimento em reservatórios, será um desperdício de dinheiro. Em vez disso, muitos pequenos charcos e diques podem ser construídos com o mesmo investimento. Se muitos diques de pequena escala foram construídos a um custo de aproximadamente cem mil rupias cada, este investimente dará um retorno de milhões de rupias.
Num sistema de charcos e diques de pequena-escala, qualquer excesso de água nos canais que a levam aos campos, será recanalizado de volta para a fonte de água, de forma a prevenir desperdícios. Num sistema de canais de pequena escala, a água apenas tem que viajar curtas distâncias,o que faz com que os campos circundantes estejam a ser irrigados a maior parte do tempo. No entanto, pode acontecer que em épocas chuvosas, poderá haver excesso de água que deve ser recanalizado de volta para a fonte de água, ou utilizado em desníveis inferiores. Tal sistema irá ajudar a controlar as cheias nas épocas chuvosas e evitar estragos em diques de pequena escala construídos ao longo dos rios. Os agricultores devem tomar cuidados para não utilizarem fertilizantes não-orgânicos de forma excessiva, porque os químicos poluem ao sistema da água e têm um efeito prejudicial nos seres humanos, animais, peixes, plantas e no ambiente.Em vez disso, é preferível a utilização de fertilizantes orgânicos.
Qual é o método para irrigar uma região sem chuva? Quando as nuvens vêm do mar e atingem montanhas altas, há chuva no solo. A parte das montanhas que está virada para o mar recebe muita chuva, enquanto que a região oposta virada para o interior recebe pouca chuva.
Como podem tais regiões serem regadas? Há dois métodos principais. Um é bombear água do lado da montanha virado para a costa para que possa chegar ao lado interior, o outro, é abrir um túnel pela montanha desde a frente até à outra parte. O segundo método de irrigação é mais barato. Um túnel bem construído pode durar 150 anos.
Rios
Existem três tipos de rios – alimentados pelo gelo, pela chuva ou subterrâneos. Os rios alimentados pelo gelo causam cheias quando há um aumento de temperatura, enquanto que os chuva e subterrâneos apenas causam cheias sazonais quando há chuvas fortes. No entanto, um aumento da temperatura pode fazer com que sequem.
Os rios em Ráŕh [região da Índia] são perenes ou sazonais? São alimentados por gelo, chuva ou obtêm a água de fontes subterrâneas devido ao nível alto da água artesiana? Muitos rios alimentados pela chuva recebem água apenas nas épocas chuvosas e não em qualquer outras. Os rios no centro de Ráŕh são alimentados por chuva mas também recebem água artesiana. Não devemos depender apenas de rios alimentados por chuva, porque embora acumulem muita água na época chuvosa, podem secar nas outras estações. E mesmo que rios alimentados por chuva também sejam alimentados com fontes subterrâneas que dão água todo o ano, devem, ainda assim, ser feitos todos os esforços para conservar a água à superfície.
Há quatro categorias de rios – pequenos ribeiros, ribeiros, rios e grandes rios.
Os rios também têm três estágios – a montanha, planície e o delta. Alguns rios, no entanto, não chegam a ter o estágio delta no oceano porque extinguem-se antes de chegar ao mar. Vejamos por exemplo a topografia de Mithila e Magadh. Em Mithila, durante a época chuvosa, há água suficientes a passar nos rios Bagmati, Gandak e Koshi. O estágio de montanha destes rios é no Nepal, a planície é em Mithila, e o delta é em Bengal. As planícies de Mithila contêm solo muito suave, a razão pela qual estes rios mudam sempre o seu curso. Nenhum rio tem o seu delta em Mithila. Para domar estes rios, a cooperação entre o Nepal e Bengal é necessária.
Em Magadh, ao contrário de Mithila, os estágios de montanha e delta dos rios são em Magadh, excepto para o Suvarnareka, que flui mesmo na linha fronteiriça entre o sul de Magadh e o norte de Chattisgarh. O rio Koel deve ser domado através da cooperação entre Magadh e Kaoshal. De facto, Magadh e Kaoshal partilham muitos problemas em comum.
Para controlar ou domar rios, devem ser formados conselhos de peritos que contenham representantes de todos os três estágios. Isto irá assegurar uma implementação bem sucedida de projectos fluviais. De acordo com a lei internacional, nenhum país deve poder usar a água de acordo com a sua própria vontade. O estágio de montanha deve consultar com o estágio de planície, e este com o estágio delta. O Nepal, por exemplo, deve consultar com os estágios de planície e delta dos seus rios, que fluem pela Índia. Se houver falta de cooperação, a água do rio que vem das montanhas ou que é bloqueada no delta, pode submerger uma vasta área das planícies. Magadh está numa posição relativamente conveniente já que tanto os estágios de montanha e planície dos seus rios estão dentro do seu próprio território.
Reflorestamento
As margens de todos os sistemas de água devem ser cobertas por densas florestas. A ciência por detrás disto é que as raízes das árvores retêm água. Quando o nível do lençol freático desce, as raízes das árvores libertam lentamente a água. Assim, um lago rodeado por árvores nunca secará. A folhagem das árvores também minimiza a evaporação. Alem disto, as folhas das árvores têm poros muitos pequenos que atraem nuvens, daí que as árvores ajudam a aumentar a precipitação. Ainda há cem anos atrás havia grandes chuvas nas florestas de Ráŕh e, nessa altura, no distrito de Manbhum a precipitação era de setenta a oitenta polegadas por ano (2032mm). Hoje em dia dificilmente chega às quarenta e cinco polegadas (1140mm).
Um programa científico de reflorestação deve incluir dois aspectos. Na primeira fase, devem ser plantas árvores de crescimento rápido. Devem ser seleccionadas árvores que atingem a sua altura máxima em apenas seis meses a dois anos e que forneçam uma densa cobertura verde. Na segunda fase, devem ser plantas árvores que crescem mais lentamente mas que também forneçam densas coberturas verdes. Esta abordagem irá restaurar rapidamenteo equilíbrio ecológico de uma região.
A reflorestação deve ser realizada tanto intensivamente como extensivamente. A melhor abordagem para isso é plantar árvores que cresçam rápido como árvores que cresçam lentamente. Plantar apenas árvores de crescimento lento é mau do ponto de vista económico pois será necessário esperar trinta, quarenta, setenta ou cem anos para se obter o resultado desejado. E plantando apenas árvores de crescimento rápido não trará benefícios a longo prazo. Por isso, reflorestação intensiva e extensiva dever será feita imediatamente. Após atingir a maturidade, as árvores podem ser selectivamente cortadas e vendidas.
.A reflorestação deve ser realizadas nas margens de charcos, lagos, canais, barragens, diques, rios e reservatórios. Por exemplo, a babula [Acacia arabica Willd. / espinheiro-preto] ou a kheyer [Acacia catechu Willd. / acácia das índias] devem ser plantadas. Entre estas árvores podemos plantar bukphul [Sesbania grandiflora Pers.], e entre estas, Palissandra da Índia. A razão para isto é que a bukphul cresce muito rápido e em cinco anos será uma árvores alta, mas a babula demora um pouco mais. A Palissandra da Índia cresce lentamente mas tem uma vida longa. Então, primeiro a bukphil cresce rápido e atrai chuva que ajuda as outras árvores a crescer. Assim que atinge a sua maturidade após cinco ou sete anos, pode ser cortada e, nesta altura, já haverá uma floresta densa de Palissandras da Índia.
Estas árvores também são muitos úteis noutros aspectos. Por exemplo, as folhas da bukphul aumentam a produção de leite nas vacas, e fibras podem ser produzidas a partir das folhas e caules. A Palissandra da Índia aumentam a preciptação e seguram água nas suas raízes. As flores fornecem muito mel, as folhas podem ser usadas para fazer pratos, a seiva é usada para goma na indústria do incenso, e a árovres pode ser usada na sericultura para a produção de seda. As sementes também são comestíveis e muito utilizadas por pessoas pobres, enquanto que o mel tem valor económico e medicinal, por isso pode ser um bem a ser exportado. Piyasal [Pterocarpus marsupium Roxb. / Kino] também pode ser plantado entra as Palissandras da Índia se necessários. É desta forma, passo a passo, que temos que proceder.
A gestão científica das colheitas também é um aspecto essencial da conservação da água. Por exemplo, um campo de cevada requer menos água do que um campo de vegetais. Se ambos estão lado a lado, um de cevada e um de vegetais, o de vegetais irá consumir setenta e cinco por centro da água usada na irrigação. Se permitirmos que os outros vince e cinco por cento escorram para o cultiva da cevada, isto será suficiente para a regar. O campo de cevada não irá necessitar de nenhuma estratégia especial de irrigação.
As árvores de fruta podem armazenar grandes quantidades de água nas suas raízes, por isso devem ser plantadas ao longo de margens de rios e nos arrozais, para ajudar a conservar a água. Após a colheita do arroz em Ánanda Nagar, por exemplo, a água flui para os dois ribeiros – o Alkananda eo Paragti – deixando os campos secos. Após um curto período de tempo os ribeiros também secam já que o seu fornecimento de água cessou. Para resolver este problema, devemos plantar árvores de fruta ao longos dos ribeiros. A água armazenada nas raízes destas árvores de fruto irá manter o solo fértil e húmido. Deve-se tercuidado para que os ramos das árvores de fruta não bloqueiem a luz do sol que chega aos campos. Se este sistema for seguido, quando a colheita do arrozal é feita e os campos ficarem sem água, os ribeiros vão continuar a fluir. Se árvores de fruto forem plantadas ao longo das margens de um rio, este irá sempre reter a água.
No entanto, seres humanos ignorantes têm cortado todas as árvores ao longo das margens dos rios, provocando já a seca de muitos deles. Quem iria acreditar que há 150 anos atrás, grandes barcos costumavam navegar ao longo do rio Mayuraksi em Bengal? Hoje é apenas um pequeno rio, onde durante as épocas chuvosas alguns pequenos barcos passam. As florestas à volta do rio desapareceram por completo. As árvores das florestas contêm água nos seus sistemas de raízes e libertam-na de uma forma controlada o que permite aos rios fluirem de forma regular. Agora percebem a utilidade das florestas. Adjacente ao rio Mayuraksi está a aldeia Katasu, onde uma vez vi um mastro de um navio fossilizado. Isto prova que a uma dada altura no passado, grandes navios costumavam navegar ao longo do rio. Também já vi a mesma coisa ao longo do rio Damodar. Devido à desflorestação, estes rios estão agora a secar e, consequentemente, há menos precipitação.
O verdadeiro espírito do nosso programa de conservação de água é que aquantidade de água existente à superfície deverá ser imediatamente duplicada. Mas é preferível se a conseguirmos aumentar dez vezes mais. A melhor forma para fazer isto é com uma abordagem descentralizada para a gestão da água, que aumenta tanto a profundidade, como a área, dos sistemas de armazenamento de água. O primeiro passo é aumentar a profundidade dos lagos, tanques, diques, charcos, rios e reservatórios que já estão a ser utilizados para guardar água. O segundo passo é aumentar as suas áreas, e o terceiro passo é aumentar as plantações que os rodeiam. Como é que podemos aumentar as plantações dez vezes mais? Aumentando o número de linhas de plantas à volta de cada sistema de armazenamento de água cinco vezes e reduzindo a distância entre cada planta pela metade. Além disso, devem também ser construídos muitos novos charcos de pequena escala, tanques, diques, lagos e reservatórios. Como regra geral, a água de superfície deve ser sempre utilizada em vez da água subterrânea.
Vocês têm que se preparar. A esfera do conhecimento, a extensão do conhecimento e a expansão do conhecimento começa no eu. A Humanidade está a vossa espera. Vocês sabem o que são e o que mundo espera de vocês. Têm que resolver todos os problemas do mundo de hoje. Devem preparar planos e programas detalhados e agir de acordo. Têm que ser a vanguarda.
25 Março 1989, Calcultá
Publicado em:
Ideal Farming, Part 2
Prout in a Nutshell, Part 17
Proutist Economics