“Vidyá [força introversiva que leva à subtileza] ou Avidyá [força extroversiva que leva à crueza ou densidade da matéria] – seja qual for que escolham entre as duas, a outra irá certamente fazer-lhe frente.
Vou explicar isto mais claramente. Sempre que uma pessoa faz algo, resulta um choque entre duas forças opostas e neste choque, quando a força operativa vence, então a acção materializa-se. Uma pessa senta-se para descansar depois de uma longa caminhada. Qual é a razão para isto? A sua luta com a força da oposição vai fazendo com que esta força operativa perca energia. Da mesma forma, a força de Avidyá declara guerra a todos aqueles cujo desejo ou inclinação é para Vidyá; o que resulta numa tendência hostil nas profundezas das suas mentes, com a qual têm que lutar. Em casa de uma dessas pessoas, o marido, mulher ou outros membros da família ficam incomodados com essas pessoas e criam-lhe diversos obstáculos. No campo das suas actividades, surgem cada vez mais oportunidades para perversidades , más acções, subornos, etc., e lutam para tentar manter o auto-controle. Os gafanhotos dos desejos entram em enxame para tentar destruir o pequeno rebento da sua sádhaná. Então, têm que muito cuidadosamente evitar tais tentações, para sua própria segurança.
No entanto, aqueles cujo movimento é verdadeiramente em direcção a Vidyá, que têm determinação e sacrificam tudo para seguir o caminho de Vidyá, esses tornam-se imunes a todos os obstáculos. Nenhuma quantidade de provocações ou ataques serão capazes de impedir o seu rápido movimento. Irão sair vitoriosos, desafiando todas as tempestadas e erguendo-se firmemente como os Himalayas; e as tempestades e tormentos retirar-se-ão desiludidos. Pois aquele pequeno rebento, não permanecerá um pequeno rebento para sempre, pois não?
Quando o Sádhaka [aspirante espiritual] se erguer com determinação e firmeza, com coragem, convicção e auto-confiança, todos os perigos e ratoeiras desaparecerão gradual e timidamente do seu caminho. E por isso, o Sádhaka dirige-se a esses obstáculos e proclama com audácia: “Façam o que tenham a fazer, e eu faço o que tenho a fazer.” Que medo de perdas poderá haver naqueles que sacrificaram tudo para atingir o seu objectivo? Quem os conseguirá parar?
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Obstáculos são acessórios de sádhaná, a luta é um bom sinal. Através da existência destes obstáculos o sádhaka percebe que as suas práticas espirituais estão no bom caminho.
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Eu já disse que sem obstáculos não há acção, e a vitória da energia operativa sobre esses obstáculos é a materialização da acção. Mas os obstáculos não são somente parte da vida dos sádhakas no caminho para Vidyá. Aqueles que seguem o caminho das perversidades ou Avidyá, também são confrontados com obstáculos, que surgem da força de Vidyá, como um aviso para desisteram de tais actividades negativas. Aqueles que roubam pela primeira vez, sentem os seus pés e mãos a tremer e têm visões e pesadelos depois de cometerem o acto. Porque é que isto acontece? Acontece porque a força de Vidyá irá entrar nas suas mentes para incutir a ideia que aquele acto que fizeram ou querem fazer, é muito mau e negativo, e que as consequências serão desastrosas. Mas após isso, quando a energia constante da força de Avidyá se estabelece com força nessa mente, então eles vencem os primeiros obstáculos de Vidyá. E por isso, após algum tempo, o ladrão experiente já não treme, nem tem pesadelos sobre os seus actos.
A condição entre um ladrão imaturo e um experiente é tal como aquele entre um aspirante espiritual em luta e aquele que já se estabeleceu na meta divina. Por isso, aqueles que estão no caminho do materialismo, tentam usar o racionalismo para apoiar as suas actividades. Com este atitude mental por detrás das suas conversas, produzem filosofias materialistas.
Tal como na busca de Avidyá uma força invulnerável é criada contra a influência de Vidyá, da mesma forma durante a Sadhaná de Vidyá os sádhakas ganharão imunidade contra as influências de Avidyá.”
Caetra Púrńimá 1956 DMC, Patna
Publicado em:
Ananda Marga Ideology and Way of Life in a Nutshell Part 4
Subháśita Saḿgraha Part 3
Supreme Benevolence and Mundane Pleasure (Shreya and Preya)