Sobre a morte

«[…]Demonstrações sobre o mistério da reincarnação eram muito comuns. Uma discípula, que costumava visitar Jamalpur frequentemente, tinha perdido o seu filho ainda criança devido a uma doença fatal. Um dia, na jagriti, sem conseguir controlar a sua tristeza, pediu a Baba que lhe dissesse como é que estava o seu filho falecido. Baba consolou-a durante alguns minutos, depois dirigiu-se a Dasarath e pediu-lhe que visse se o seu filho já tinha renascido. Dasarath concentrou a sua mente e começou a narrar que o filho já tinha nascido numa boa família de Gowahati em Assam. Estava prestes a dizer o nome da família quando Baba o interrompeu:

– “Isso vai criar demasiada tensão na mente dela”, disse Baba, “se ela pensar que pode localizar o filho. Agora entra na mente do bebé e vê se existe alguma angústia ou consciência da separação da sua mãe anterior.”

– “Não, Baba”, respondeu Dasarath, “O bebé está muito feliz com a sua nova família. Está a receber muito amor e carinho.”

– “Agora vê o futuro do bebé. O que vês?”

– “Baba, o futuro do bebé é muito brilhante.”

– “Bom. Agora vai profundamente na mente do bebé e vê se, caso fosse possível, se ele gostaria de voltar para sua mãe anterior.”

– “Baba, o bebé não quer ser perturbado. Ele está feliz onde está e não quer sair.”

Quando a demonstração terminou, a discípula descobriu que a sua angústia que mantinha há tanto tempo tinha desaparecido. De facto, até se sentia aliviada por saber que o seu filho tinha tido um renascimento feliz onde poderia continuar a sua jornada espiritual. Baba continuou a explicar as razões kármicas pelas quais o seu filho tinha vindo até ela por um período tão curto e os samskaras que ele precisava de queimar através de uma morte tão cedo.

Concluiu dizendo, “As relações Humanas com aqueles que estão perto de nós só duram por um determinado período de tempo. A vida familiar pode ser comparada a uma viagem de comboio. Em cada estação há novos passageiros que entram e outros que saem. É natural que nos tornemos amigos daqueles que entram e que desenvolvamos sentimentos de afeição e carinho para com eles. Mas será necessário derramar lágrimas quando eles saem nos seus destinos respectivos? Não, de forma alguma. O mesmo se aplica em todas as relações familiares. Enquanto estamos juntos, devemo-nos amar uns aos outros, honrar os nossos deveres para com os outros. Mas assim que esse laço se quebrar, não devemos mergulhar em desespero e tristeza. Todas as relações são temporárias. A única relação duradoura é com Parama Purusa”

“Anandamurti – The Jamalpur Years”, Devashish