Esta criação de 5 fatores fundamentais é a mais crua manifestação da Citta Macrocósmica ou Matéria Mental Cósmica. Durante a fase introversiva da Mente Cósmica, ou pratisaiṋcara, os 5 fatores fundamentais tocaram os divinos poderes de Puruśottama, a Entidade do Conhecimento Supremo, e desenvolveram as vibrações da vida. Quanto mais esta energia vital recebeu brilho de Brahma ou Consciência Suprema, mais iluminada cresceu e, este brilho levou-a em direção ao caminho da autorrealização. A mais elevada das criaturas pensantes tem sido capaz de acelerar a velocidade da sua consciência unitária à frente da velocidade da atração, ou da fase introversiva de Brahma. O ser-vivo mais elevado foi chamado de ser-humano ou mánuśa, que significa “ser intelectual”.
O desenvolvimento do intelecto não é uniforme na humanidade. Não há dois indivíduos idênticos. Na perspetiva de tempo, as pessoas do passado longínquo têm um intelecto menos desenvolvido do que as pessoas do presente. Há milhões de anos atrás quando, de acordo com o Brahma-cakra ou ciclo da criação, o primeiro bebé humano nasceu, esta terra não era tão segura como o é hoje. Os seres humanos dessa era estavam completamente rodeados por florestas densas que estavam infestadas de animais ferozes e répteis – por enormes criaturas carnívoras com dentes salientes e ferozes à procura de presas. Eles não tinham um doce lar para os proteger de trovões, tempestades, furacões e meteoros. O calor abrasador do meio-dia tentava destruir a vida do primeiro bebé humano. Este era o tipo de ambiente que os seres humanos encontravam nestes dias.
Tais circunstâncias não contribuíam para os seres humanos desenvolverem o seu intelecto ou trilharem o caminho da autointrospecção. Naqueles dias as pessoas empregavam toda a sua energia apenas na sua auto-preservação contra a impiedosa natureza, e durante aquela era de amargas lutas, a coisa mais importante era a força física. Nessa era distante as pessoas perceberam o valor de uma coisa – que o poder é que interessava. Como todas as forças eram hostis à sua existência, eles não se sentiam seguros ao terem uma existência dispersa e isolada. Então eles aproximaram-se uns dos outros e formaram-se pequenos clãs ou tribos com o único propósito de auto-preservação através da luta coletiva.
Naqueles dias a pessoa mais poderosa de um clã ou gotra tornou-se o líder do grupo e foi adorado como um herói pela sociedade. Assim surgiu antepassado da primeira sociedade Kśatriyan.
As primeiras pessoas a inventar o uso do fogo por fricção, que providenciaram o prazeroso toque do calor ao corpo humano gelado pelas noites frias do Inverno, tornaram-se os maiores entre as pessoas. A grandiosidade foi alcançada pela força do mérito e não por pura força física. A sociedade tinha estas pessoas na mais alta estima como Rśis ou pioneiros do bem-estar humano.
Mais tarde os seres humanos tornaram a comida deliciosa e facilmente digerível assando-a no fogo. A pessoa que ensinou pela primeira vez como utilizar o fogo também foi aclamada como um Rśi, um discípulo de Rśis prévios. Aqueles que descobriram a arte da tecelagem, com o objetivo de cobrir o corpo humano nu, aqueles que ensinaram como a domesticar animais e como fornecer leite de vaca para bebés privados do leite da mãe, e aqueles que resolveram os problemas de transporte com a invenção carros de boi, todos eles foram chamados Rśis. Todos eles foram antepassados honrados da sociedade humana e todos eles são dignos de serem lembrados, acolhidos e venerados. Os Rśis foram os precursores de novas inovações para a sociedade. A sociedade Kśatriya tinha-os em grande estima, como Vipras e encheu-os com honra.
Os anos passaram. Os seres humanos tornaram-se mais intimamente familiarizados com o mundo externo. Eles aprenderam a usar muitos mais objetos e como os utilizar melhor. Algumas pessoas, naturalmente, ficaram ocupadas com objetos mundanos para torná-los mais úteis. Este grupo de pessoas, obcecado com os objetos mundanos, era conhecido como Vaeshyas.
Como regra natural, os Vipras ou Kśatriyas foram-se tornando gradualmente subservientes aos Vaeshyas apenas para procurar uma existência. Na ausência de agricultores não havia comida disponível, e sem tecelões nenhuma roupa estava disponível – ferreiros, oleiros, sapateiros, comerciantes de couro, etc também eram indispensáveis. Geralmente a sociedade Vipra não teve alternativa senão render-se à supremacia dos Vaeshyan.
Os que eram totalmente desprovidos de qualquer um dos atributos dos Vipras, Kśatriyas ou Vaeshyas tornaram-se os servos obedientes desses grupos, mas todas estas três classes exploraram impiedosamente essas pessoas.
O mundo avançou ainda mais. Ocorreram mais mudanças na estrutura social. Como uma consequência natural do fluxo de criação os seres humanos descobriram o dinheiro. O dinheiro tornou-se gradualmente a expressão do prazer físico. Isso deu origem a tensões entre as pessoas, porque quanto mais dinheiro se poderia acumular, mais ricos se tornavam. Os ricos poderiam possuir vastas propriedades e todas as coisas boas da vida. Na sociedade chamada Vaeshya, os Vaeshyas eram a classe mais abastada, e outras classes eram totalmente dependentes do seu dinheiro para a sua auto-preservação.
Esta sociedade chamada Vaeshya existe até aos dias de hoje e, como consequência da exploração, as sociedades Viprian e Kśatriyas degeneraram-se ao nível de Shúdras. É uma lei natural que apenas algumas pessoas podem atingir a opulência, mas os Shúdras são a maioria. Hoje, esses Shúdras são coletivamente determinados a destruir o domínio dos Vaeshyas e aniquilá-los. Há uma indicação clara do domínio emergente dos Shúdras, mas é esse domínio dos Shúdras uma verdade absoluta?
Será que a sociedade Shúdra irá permanecer como a ordem final? Se o controle da sociedade escorregar para as mãos dos Shúdras, não poderão a prosperidade material e o progresso espiritual da humanidade serem obstruídos? Como consequência da luta pelo domínio Shúdra as pessoas estão a começar a compreender que tipo de padrão social irá assegurar o genuíno bem-estar da sociedade.
Nenhuma classe social deve dominar a sociedade. Se uma classe é dominante, as outras classes certamente serão exploradas. Por isso deve ser garantida a igualdade de todos, com oportunidades e direitos iguais. Para o progresso da humanidade é essencial um ajustamento harmonioso da sociedade. Muitos dos bons estudantes são obrigados a largar os estudos por falta de dinheiro, e pela mesma razão muitos artistas são obrigados a restringir o seu extraordinário talento. Isto é devido a uma ordem social defeituosa. Não pode ser permitido a este estado de coisas continuar por mais tempo.
Capitalistas astutos construíram um ninho frágil com o seu intelecto ganancioso, assim como o pássaro tecelão constrói um ninho. Este ninho deve ser desfeito em pedaços para o interesse coletivo de todos os seres humanos. Só então os seres humanos podem levar toda a sociedade para bem supremo. Caso contrário, apenas um punhado de pessoas pode atingir a perfeição. A menos que haja uma transformação completa, será extremamente difícil levar toda a sociedade para a posição suprema. Os intensos confrontos e conflitos do mundo físico continuamente desviar a atenção das pessoas para os objetos externos de diversão e criar obstáculos no caminho do seu progresso espiritual.
Numa ordem social harmoniosa ninguém vai correr atrás de fama ou riqueza como um cão louco. Um ambiente agradável externo irá ajudar na aquisição de equilíbrio psíquico, e a pobreza interna das pessoas irá diminuir gradualmente.
Sa tu bhavati daridra yasya áshá vishálá
Manasi ca parituśt́e ko’rthaván ko daridrah.
[Aqueles cujos [[desejos]] são vastos tornam-se pobres: Se alguém está mentalmente feliz, quem é rico e quem é pobre?]
Oh seres humanos, construam a estrutura social considerando as necessidades da humanidade. Não tentem fazer nada para os seus mesquinhos interesses pessoais e de grupo, porque o pouco que vocês querem fazer com vossa visão limitada não pode durar. O toque cruel do tempo aniquilará as vossas aspirações num esquecimento que vocês não podem compreender. Não é necessário estudar os livros para saber como trabalhar, como fazer, como manter e como renunciar. Em vez disso, vocês devem olhar para todos os seres vivos do universo, com sentimentos sinceros de amor e compaixão. Só então vocês vão perceber que tudo o que vocês fazem, mantêm ou quebram é gerado e controlado pela Entidade Suprema. Nessa condição vocês vão perceber que todas as vossas atividades positivas e negativas estão embutidas no estado bem-aventurança. Através da ação misturada com devoção e conhecimento vocês vão encontrar o significado da vossa vida, o tesouro supremo do vosso coração. Sem o saber, vocês têm mantido este tesouro cuidadosamente escondido no caixão de ouro do seu coração.
Sei ánanda caráńa páte śad́ rtu ye nrtye máte
Plávana vaye yáya dharáte varańa giiti-gandhere.
[Com os passos silenciosos da Entidade Suprema as seis estações explodiram em dança. O mundo inteiro foi inundado com músicas de boas-vindas e incenso.]