A Base da Vida

Uma entidade finita precisa de uma base para a sua existência. A base não deve apenas preservar o seu sentido de “Eu” na forma física, mas também deve, a cada momento, nutrir esse mesmo sentimento com energia vital para essa entidade. A entidade subtil requer uma base da mesma forma que a entidade física – a base é simplesmente a forma subtil da entidade física.

A entidade subtil com a qual estamos intimamente ligados é a mente. A base ou vitalidade da mente é a colecção dos objectos que ela contempla, aceita ou descarta. Estes objectos nos seus estados básicos são físicos externos, mas a mente desfruta-os nas suas impressões internas, enquanto formas mentais.

A mente de um certo indivíduo desfruta de um objecto finito em particular, por um longo período de tempo ou lentamente de acordo com os seus samskaras. Após desfrutar um objecto em particular por um curto período de tempo a mente quer Continuar a ler

Porque é que os seres Humanos têm medo de sádhaná

Porque é que os seres humanos têm medo de sádhaná [prática espiritual] – porque é que hesitam em procurar o conhecimento introversivo? Deixem-me dizer-vos as razões. A vida humana é o resultado do progresso evolutivo da existência animal. A energia é expressa através do choque de forças hostis e, através desses choques, várias das chamadas entidades “inanimadas” deste mundo composto pelos cinco factores fundamentais, como a areia, ferro, pedra, etc, são transformadas em entidades auto-activadas como plantas primitivas e seres unicelulares. De facto, é através desses choques que elas alcançam o poder de gradualmente converterem a sua energia passiva em energia mental activa. Encontramos a manifestação dessa energia mental em algumas plantas e organismos em particular. Onde a vida tem aversão à luta, o progresso não é possível. Por isso é que em alguns países, ainda hoje conseguimos encontrar criaturas pré-históricas com intelecto sub-desenvolvido; e noutros locais, criaturas com intelecto desenvolvido que surgiram vindas do pó daquelas mesmas carcassas pré-históricas. O intelecto de um macaco não é da mesma categoria daquele de uma minhoca.

Através destes choques a animalidade atingiu a humanidade. É o ímpeto residual – este crédito na folha de balanços da nossa luta pré-humana com a animalidade – que nos tornou possuídores de mentes humanas. É por isso que o ímpeto da animalidade apenas consegue perceber nos termos do prazer material, pois esse ímpeto nunca experienciou a alegria da consciência; Continuar a ler

Memória cerebral e extra-cerebral

Anubhútaviśayásampramośah smrtih [“À recriação de coisas já percecionadas pela mente dá-se o nome de memória”].

Os objectos ou incidentes dos quais nos relembramos são chamados anubhútaviśayá ou coisas já percepcionadas. Quando esses mesmos objectos ou incidentes são recriados na mente, têm o nome de smrti ou memória. Por exemplo, uma pessoa pode não se lembrar do que comeu no dia anterior, mas se ela se concentrar, aquilo que ela comeu no dia anterior irá aparecer na sua mente. No nosso dia-a-dia estamos constantemente a relembrar coisas que já foram percecionadas no passado.

Como é que a memória é activada? Existem duas maneiras: interna e externamente. Internamente ocorre pelo Continuar a ler

A luta tem que continuar

A luta tem que continuar em todas as esferas da vida – social, económica, mental e espiritual. Onde quer que haja exploração económica dos pobres, uma luta terá que ser feita contra os exploradores. E onde quer que haja exploração da humanidade em geral, essa luta contra os exploradores também é uma necessidade.

Onde houver exploração linguística, a luta deverá ser direcionada contra a lingua opressora. Se forem explorados na esfera mental, se alguém vos tentar rebaixar, deverão lutar contra essa pessoa. Se, na esfera mental, alguém vos retirar direitos morais, também terão que lutar contra essa pessoa. E na esfera espiritual, se querem atingir o Pai Supremo, mas alguma força especial deste mundo obstruir o vosso progresso espiritual, criar obstáculos no caminho do vosso progresso e elevação espiritual, também aí terão que lutar contra essa força.

De facto, a vida é uma grande luta – é a soma de lutas infinitas. Um conjunto de batalhas constitui uma guerra. Daí Bhagaván Shrii Krsna ter dito que, uma vez que estás no campo de batalha, sob nenhuma circunstância te deves preocupar; deves apenas manter em mente que o teu objectivo é nobre; e quando o objectivo é nobre, glorioso e bom, a vitória é inevitável. Simplesmente atirem fora essas forças que criam obstáculos, espinhos no vosso caminho.

Uma tarefa que possa parecer extremamente difícil para um indivíduo, pode ser um trabalho fácil para oito ou dez pessoas. E a mesma tarefa será extremamente fácil para milhares de pessoas juntas. Por isso, o meu conselho para vocês é este: “Façam todo o vosso trabalho de forma unida”

Samánii va ákútih, samáná hrdayánivah [“Que as nossas aspirações estejam unidas, que os nossos corações sejam inseparáveis”]. Façam todo o vosso trabalho unidos. Nenhuma tarefa é difícil, nenhum trabalho é difícil. Marchem em frente com leveza e com um sorriso, resolvendo todos os problemas do mundo. A vossa vitória será assegurada. Está dentro do vosso alcance. Quando alguém faz algum tipo de trabalho virtuoso, Parama Purusa está com essa pessoa. E nessas circunstâncias, essa pessoa nem precisa de rezar “Ó Senhor, dá-me mais força”, porque se Parama Purusa está com ela, Ele irá certamente dar mais força. Na verdade, Ele está sempre a dar mais força. Por isso o meu conselho é “Marchem em frente” – Yuddhasva vigatajvarah [A luta tem que continuar]

22 Junho 1980, Mokama

Publicado em:
Discourses on Krsna and the Giitá

A mente tem dez agentes

[…] Agora vamos à parte seguinte do shlokamámakáh Pándaváshcaeva. Aqui mámákáh significa “os homens do meu lado”. Mas quem são realmente os que estão do lado de Dhritarastra, isto é, da mente? São, de facto, os dez indriyas [órgãos]: cinco órgãos motores e cinco órgãos sensoriais. Os órgãos da fala, pés, mãos, ânus e genitais são os cinco órgãos motores. Os olhos, ouvidos, nariz, língua e pele são os cinco órgãos sensoriais.

As escrituras dizem, Indriyánám mano náthah manonáthástu márutah – “A mente é o mestre dos órgãos, e o ar é o mestre da mente.” O mestre, o controlador de todos os órgãos, é a mente; e aquele que controlar essa mente, é o sádhaka, uma pessoa inteligente. O sádhaka controla a mente através do controlo de maruta [ar], que significa, através do controlo dos váyus [dez correntes de energia-vital no corpo humano], que significa, através do pránáyáma [processo de controlo da energia vital através da respiração]. As expressões destes indriyas são pránaPrána é energia; e a energia vital é chamada pránáh. Já devem ter lido sobre isto no livro Ideia e Ideologia. Quando uma pessoa quer ganhar controlo sobre prána – a expressão dos indryias – primeiro terá que controlar os váyus. Continuar a ler