O espírito do Yoga

O tópico do discurso de hoje é “O espírito do Yoga”.

O que é yoga? Existem tantas interpretações e tantas explicações e amplificações sobre yoga. O grande filósofo Patanjali diz, “Yogashcittavrttinirodhah.” Nirodha significa suspensão de todas as propensões psíquicas. A palavra yoga vem do verbo raíz sânscrito yuj + sufixo ghain. Quando o verbo raíz é yuj, yoga significa adição, dois + dois = quatro, isto é adição. Esta interpretação não tem muito a ver com o significado da palavra yoga. A mente humana tem cinquenta propensões em condições normais, e cada uma dessas propensões tem a sua própria existência vibracional. Devido a essas cinquenta existências vibracionais, ou expressões, existem cinquenta letras no alfabeto védico. Desde a primeira letra “A” até à última letra “Kśa”, existem cinquenta letras que são conhecidas como Akśa Málá (a grinalda de letras), porque cada uma dessas expressões vibracionais não tem apenas o seu valor acústico, mas também uma côr especial. Por isso é que estas cinquenta letras não são apenas conhecidas como Akśa Málá, são também conhecidas como Varńa Málá, isto é, são a colecção de Varńas ou cores. No caso da suspensão de certas propensões, não permanence nenhuma expressão acústica, nem expressão de qualquer côr ou qualquer outra inferência.

A significado raíz de yoga não é apenas adição, tem também um significado mais subtil. Qual a palavra yoga é derivada do verbo raíz “yunj” + “ghain” (não “yuj” mas “yunj”), nesse caso o significado não é adição mas unificação. Aqui vemos que, pela interpretação de “Yogashcittavrttinirodhah”, não existe nem adição nem unificação. Cittavrttinirodhá significa suspensão das propensões mentais, isto é, Continuar a ler

A Prática Espiritual e a Ciência Cósmica

A Prática Espiritual (Sadhana) e a Ciência Cósmica (Madhuvidya).
O objecto da mente comum, seja ele externo ou interno, é o resultado dos cinco factores fundamentais. De forma à mente manter a sua existência separada, tem que se manter ocupada com algum objecto. Aqui objecto significa local. Tal como um ser vivo de forma a manter a sua existência física precisa de ocupar um espaço físico, da mesma forma a mente para manter a sua existência subtil precisa de se agarrar a um qualquer objecto de uma dada subtileza.O tempo e o espaço são indispensáveis para manter a individualidade. É por esta razão que a mente individual está constantemente na busca de um ou outro objecto. A mente afasta-se daqueles objectos que não são propícios à materialização de samskaras […] e move-se em direcção a um novo objecto. Esta agitação da mente é incessante. Quanto mais intenso for o desejo para a materialização de um samskara, mais rapidamente a mente salta de um objecto para outro. A isto chama-se inquetação ou instabilidade mental.

Pode-se levantar a questão, o que acontecerá à mente se ficar completamente desprovida de objectos? Se isto ocorrer então a mente será dissolvida – será extinguida. A luta pela auto-protecção é natural e, por isso, a mente corre constantemente atrás dos  objectos que lhe garantem a existência. Continuar a ler

Igualização de Samskáras

Esta criação é, aparentemente, composta por muitas entidades mas, fundamentalmente, existe apenas uma entidade, a Entidade Suprema que permeia todos os objectos criados deste universo.

Eko’haḿ bahu syám. A vontade cósmica de Parama Purusa foi materializada por Prakrti resultando na criação do universo multidimensional composto pelos cinco elementos.

Este mundo de inferências manifestado é composto pelos cinco factores fundamentais – éter, ar, fogo, líquido e sólido. Não apenas na matéria inerte, até mesmo os seres humanos são feitos dos mesmos factores fundamentais, criados devido à influência de Prakrti. Prakrti é o princípio inerente de Purusa.

“Shaktih sáh shivasya shaktih.” Em última análise, descobrimos a Entidade Singular que não tem princípio nem fim, que é omnipresente, colorida, plácida e tranquila. Todas as inúmeras entidades finitas, com os seus nomes e formas, originaram dessa fonte Suprema. O fogo, água, céu e terra; os animais e plantas; as minhocas e os insectos; o corpo e a mente; os órgãos sensoriais; o conhecimento e o intelecto; na verdade, tudo o que é visívil e invisível, denso ou subtil, manifesto ou não manifesto, é apenas uma emanação da Parama Purusa.

Porque existem tantas diferenças entre os animais, ou entre os seres humanos? Porque existem tantas lutas? A resposta é que essas diferenças e lutas são todas devidas à influência de Máyá. A influência de Máyá provoca que Purusa indiferenciado seja metamorfoseado em muitos. Máyá é a causa para todas essas diferenças entre uma coisa e outra, entre uma idade e outra, entre uma pessoa e outra. No momento em que o véu de Máyá é removida, a verdade revela-se a si própria em todo o seu esplendor, e todas as diferenças externas fundem-se em união interna.

Os mesmos samskáras não podem viver em duas entidades separadas – vão-se querer fundir apenas numa. Por isso, se os samskáras que uma pessoa forem retirados e colocados em duas estruturas separadas, elas vão certamente tentar unir-se apenas numa. Ráma e Shyáma são duas pessoas diferentes porque cada um tem os seus próprios samskáras. Shyáma não age ou pensa como Ráma, e Ráma, não se parece com Shyáma. Se os seus samskáras individuais forem removidos, em última análise irá existir apenas uma alma e uma mente.

Suponham que existe um recipiente com água num lago. Se o recipiente partir, irá permanecer apenas uma entidade – água. Da mesma forma, se os samskáras individuais forem removidos, as entidades internas serão fundidas numa só. Pode parecer estranho, mas é um facto.

Diferentes pessoas têm diferentes samskáras – alguns carregam consigo a vrttis da raiva, vergonha ou ódio, enquanto que outros são vítimas de medos e apegos. Devido às variações dos samskáras há diferenças na natureza dos seres humanos. Algumas pessoas são calmas e pacíficas por natureza, algumas são honestas, outras são desonestas. Algumas pessoas são artísticas e criativas e sonham de ser como grandes poetas como Rabindranath Tagore ou Milton, enquanto que outros sonham de navegar os sete mares e descobrir novas terras como Colombo ou Vasco da Gama.

As diferenças nos pensamentos, ideias, maneiras, costumes, vestes e hábitos alimentares são todas devido às variações dos samskáras. No momento em que os samskáras individuais são removidos, a mente perde a sua existência e apenas a alma permanece. Ela, também, torna-se uma com a alma universal, como uma gota de água que se funde no vasto oceano.

Por isso, a entidade fundamental é apenas uma. Externamente pode parecer muitas. Ekaḿ sad vipráh bahudahá badanti. A Entidade Suprema é a única entidade imutável. Os intelectuais ou vipras deram-Lhe vários nomes. Os samskáras dos indivíduos podem serm removidos num só instante se Parama Purusa assim o desejar. Mas Ele não o faz, pois isso iria parar todo o Seu fluxo criativo e levar à dissolução deste mundo.

A diversidade e variações do universo devem-se ao véu de Máyá. Removam-no e verão a diversidade desaparecer num segundo, deixando apenas a Entidade Suprema Singular. Nem este universo material nem quaisquer seres vivos permaneceriam. Saguna Brahma, o criador, e Purusottama, a Entidade Testemunhal, serão também inexistentes. O processo de Saincara e Pratisaincara seria suspendido e a expressão cessaria para sempre. Numa palavra, toda a criação se dissolveria.

Para continuar com o fluxo desta Sua brincadeira divina, não é desejável que todas as entidades deste vasto universo atinjam esse estado Supremo na mesma altura; nem seria natural. Por isso é que os seres humano devem fazer um esforço para atingir a salvação individual. Se Para Purusa estiver satisfeito, eles irão certamente ser bem sucedidos nos seus esforços.

1969

Publicado em:
Ananda Marga Philosophy in a Nutshell Part 5

Quando a devoção chama

Aqui está mais uma história interessante onde Baba responde aos desejos de uma pequena menina, mesmo quando o seu pai não lhe prestava atenção.
Naqueles dias, sempre que Baba viaja para um Dharma Maha Cakra(DMC), preferia viajar de carro para não estar limitado pelos atrasos dos comboios, já que a pontualidade era raramente garantida.
Certa vez o DMC foi marcado numa cidade particular no estado de Bihar. As datas foram anunciadas. Margiis dos locais vizinhos juntaram-se para poder ver Baba. Havia um Acarya de família que, por motivos inadiáveis de trabalho, não podia participar no DMC e por isso ficou em casa com a família.
A sua filha, de 5 ou 6 anos, estava constantemente a pedir-lhe “Papá, vai buscar o Baba para nossa casa – quero ver o Baba”. A mãe respondia-lhe “O papá tem muito trabalho, não sejas teimosa. Da próxima vez vamos ver o Baba”.
Mas a pequena criança não ouvia: “Se não podemos ir, pede ao Baba para vir cá. Ele vai a casa de muitas pessoas, porque não vem à nossa?” Mas os pais não podiam fazer nada senão ignorar a birra da filha.
Após o final do DMC, Baba saiu de novo de carro, em direcção a Jamalpur. Durante Continuar a ler

Lágrimas de Rinoceronte

Naqueles dias, Baba trabalhava no escritório dos caminhos-de-ferro em Jamalpur. Sempre que ele tinha tempo livre do emprego, ele aproveitava para passar tempo com os devotos, usando o Dharma Mahacakra (DMC) como desculpa. Ele próprio decidia quando e onde aconteceria. Certa vez, Baba surpreendeu todos, com a sua decisão de realizar um DMC em Ambagan, uma pequena aldeia em Assam. Ambagan é uma pequena aldeia do distrito de Navgaon em Assam. Os voluntários presentes, sugeriram que por haver muito poucos margiis lá, seria mais fácil fazer o DMC na cidade de Navgaon. No entanto, Baba recusou a sugestão e insistentemente manteve a sua decisão. De acordo com as suas ordens, a informação foi divulgada. Os voluntários apressaram-se de modo organizar o evento.

Finalmente, o DMC aconteceu na data e local, definidos por Baba. Na noite do DMC, Baba pediu ao seu secretário local que arranjasse um carro para que ele visitar uma reserva florestal a 8km de Ambagan. O secretário assim o Continuar a ler